quarta-feira, 27 de maio de 2015

"No nosso modelo de sociedade as crianças têm demasiado poder", Daniel Sampaio





"Em análise ao comportamento dos jovens nos dias de hoje, o psiquiatra Daniel Sampaio refere que as crianças têm “poder a mais” e que os pais têm que recuperar a sua “autoridade”.
“Uma família não é uma democracia. A família tem que ser conduzida pelos adultos e os jovens têm que perceber que têm que ter respeito pelos pais”, começou por afirmar, considerando que “no nosso modelo de sociedade as crianças têm demasiado poder”.
O mesmo se passa nas escolas, onde “os professores são postos em causa à mínima coisa”.
“As salas de aula são hoje um teatro de indisciplina. Há centenas de aulas que não são dadas por indisciplina e ninguém reflete nisso”, reforça, defendendo que essa autoridade tem de ser conquistada sem “autoritarismo” mas ouvindo também o que pensam os mais novos.
A “educação do carácter”, defende, é a solução."






segunda-feira, 18 de maio de 2015

Verão no Campus 2015

Já pensaste como podes passar umas férias de Verão diferentes e aproveitar para aprenderes em atividades científicas e lúdicas?

O programa Verão no Campus, organizado pela Universidade do Minho, decorre em Julho em Braga e Guimarães e foi desenvolvido com o objetivo de promover a cultura, a ciência e a arte junto dos mais jovens, e de auxiliar os estudantes que pretendem ingressar no Ensino Superior na escolha de uma área de estudo e trabalho.

Abrange diferentes áreas científicas, sendo promovidas atividades de ensino não formal nas áreas de arquitetura, matemática, química, arqueologia, sociologia, direito, educação, engenharia e letras. As atividades são acompanhadas por professores, investigadores e alunos da Universidade - os "padrinhos UMinho". 

Pretende ser, não só um espaço de aprendizagem para jovens alunos, mas também fomentar o espírito de trabalho em equipa, e laços de amizade e confiança mútua, através das diversas atividades pedagógicas, lúdicas e culturais levadas a cabo em ambiente universitário. Os estudantes terão ainda a oportunidade de conhecer as cidades de Braga e Guimarães, de conviver com colegas de diferentes regiões geográficas e de aprenderem enquanto se divertem a experimentar as ações científicas, culturais e desportivas propostas.


Para saberes mais informações, consulta o site: http://www.veraonocampus.uminho.pt/


CARTA ABERTA AOS JOVENS PORTUGUESES

"Se ainda não sabem exactamente qual rota seguir, sugiro o seguinte: Não sigam caminhos fáceis. 
A semana passada quando estava a falar com o meu colega John Goodenough, de 91 anos, nomeado várias vezes para o Prémio Nobel, perguntei-lhe o que é que gostaria que lhe tivessem dito quando tinha 17 anos. Ele respondeu: “You can change things”. Este encontro fez-me pensar também no que eu teria gostado que me dissessem. Deixo aqui estes pensamentos.



A primeira prioridade é conhecerem as opções que têm. Não precisam de se sentir com pressa em definir um caminho muito específico. O que é de facto importante é descobrirem aquilo de que gostam. Se querem ser bons profissionais, têm que sentir prazer naquilo que fazem. Poderá parecer fácil definir este percurso. Contudo, esta escolha não é trivial devido à 1) falta de exposição a muitas áreas do saber, 2) dificuldade em avaliar na prática os detalhes da profissão e 3) desconhecer por completo as novas tendências da sociedade. O mundo de hoje avança a uma velocidade estonteante, pelo que temos que nos habituar à constante mudança.



Acima de tudo, é importante não deixarem de seguir os vossos sonhos. Não subestimem o vosso potencial. Aqueles que conseguiram alcançar grandes objectivos na vida começaram como vocês, a pensar, a sonhar. Explorem as opções que existem e escolham aquelas que abram mais hipóteses no futuro, sem abdicar dos sonhos. Três anos antes de publicar o seu primeiro volume da série Harry Porter, a escritora J.K. Rowling tinha acabado de se divorciar, estava desempregada e quase não conseguia juntar o suficiente para alimentar o seu filho. Dada a sua condição económica e sem computador, ela teve que escrever manualmente cada cópia de 200 páginas enviada às editoras. Antes de ser aceite pela Bloomsbury, o livro foi rejeitado dúzias de vezes. Hoje o livro Harry Porter e a Pedra Filosofal já vendeu 100 milhões de cópias.



Neste percurso, se ainda não sabem exactamente qual rota seguir, sugiro o seguinte: Não sigam caminhos fáceis. Há um prazer tremendo em vencer desafios, ir à procura de grandes ideias. Porém, estes grandes projectos não aparecem de imediato. É preciso talento, evidentemente, mas mais importante é dedicar tempo. Qualidade e excelência, seja ela no trabalho ou num relacionamento humano exige dedicação, concentração e capacidade autocrítica. É a superação das dificuldades que origina autoconfiança. Quando Bill Gates tinha 16 anos levantava-se diariamente às 2 da madrugada para ter acesso ao computador gigante da Universidade de Washington entre as 3 e 6 da manhã para programar. Em 1975, quando fundou a empresa Microsoft com apenas 18 anos, Bill Gates tinha já mais de 3000 horas de experiência em programação. Nunca pensem que o sucesso seja limitado pelos contactos pessoais, pelo acaso, pelo divino. Não se conformem com o mais-ou-menos, não deixem tarefas a meio, arrisquem.


Com o risco surgem novas experiências, as quais acompanham novos desafios. Estes percursos fora da zona de conforto, fazem-nos entender melhor aquilo que somos e aquilo que queremos ser. Fazem-nos modestos, pacientes, flexíveis. Abrem as perspectivas relativamente a outras ideias e transmite-nos a capacidade de aceitar o risco, o que aprofunda a maturidade intelectual e encoraja o pensamento independente.

Afinal de contas, a juventude é curta mas as oportunidades são imensas. Segue a tua bússola. Não desistas. Se não fores tu a fazê-lo por ti, ninguém o fará. E como disse o John Goodenough: “Muda as coisas”."


Artigo de PAULO J. FERREIRA (Professor catedrático, Material Science and Engineering Program, University of Texas at Austin, USA) editado no jornal Público a 1 de maio, título "Carta aberta aos jovens portugueses".

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Porque hoje é o Dia da Família!

 Entrevista a Eduardo Sá.

Queremos Melhores Pais!’, somos assim tão maus... é um mote para uma manif de filhos?
Foi uma provocação (risos). Incomoda-me que os pais se desperdicem tanto. Os pais têm a seu favor variadíssimas coisas: têm um imenso bom senso, regra geral, e têm um sexto sentido, absolutamente notável. Repare, há 40 diferentes tipos de choro, e uma mãe não precisa de aulas de compensação para discernir por que é que o bebé está a chorar. Este sexto sentido é o equipamento base da natureza humana. Além disso, os pais tiveram uma infância. E por mais que a infância dos pais não tenha sido cor-de-rosa, deu-lhes um conjunto de competências. Diz-se muitas vezes que os pais não têm tempo, são maus pais. A ideia deste título provocatório é dar-lhes um safanão e dizer-lhes ‘vejam bem o que são capazes! Percam de vez o medo de errar, porque os bons pais para serem bons pais precisam de fazer uma asneira de 8 em 8 horas’, enquanto não chegarem lá não devem perder a esperança. (risos)

Mas os pais não têm medo de traumatizar os filhos com os seus erros?
Pois têm, mas sabe, a psicanálise trouxe para a opinião pública a noção de traumatismo mas não podemos perder de vista que estávamos a falar nas crianças dos finais do século XIX, crianças exploradas durante a Revolução Industrial, com famílias descuidadas, que viviam todas num quarto, com falta de privacidade aos mais diversos níveis. Eram crianças muitas vezes iniciadas sexualmente de forma absurda, precoce, e muitas vezes por alguém da família, por isso quando se falou de traumatismo a questão punha-se neste contexto.
O que os pais têm de perceber é que não é possível crescer sem dor. Receio que muitos pais tenham crescido de tal forma num mundo de autoritarismo, que de repente dizer ‘não’ a uma criança é quase sinónimo de traumatismo. E é precisamente ao contrário. Às vezes, a função de um técnico de saúde mental é dar uns safanões aos pais e dizer ‘deixem-se de tolices, magoem um bocadinho se tiver de ser’. Se magoarmos as crianças dizendo ‘não’, são dores que nos empurram para a frente. Muitos pais querem tanto proteger os filhos das dores, que fazem pior.

Confundimos mimo com sobreproteção?
Sim, o mimo faz muito bem à saúde e ninguém se estraga com mimo, muito pelo contrário. Já perdi a conta às pessoas que por falta de mimo se estragam pela vida fora, o mimo faz melhor que a vitamina do crescimento. Mas mimar não é dar a comida na boca dos filhos quando têm 6 anos, não é adormecer os filhos todas as noites na cama dos pais, não é levar a mochila até à porta da escola como se fossem mordomos... e não é dizer ‘sim’ a tudo. 

Fala muitas vezes de jardins de infância tendencialmente gratuitos, de necessidade de bons recreios... Entre o país que desejava ter e o país real vai uma grande diferença?
Enorme. É verdade que somos a melhor civilização que existiu para as crianças, damos-lhes os cuidados e a atenção que seguramente os nossos pais, por melhores que tenham sido, não nos deram, e tenho até medo que em algumas circunstâncias sejamos um bocadinho exagerados nos cuidados que temos com elas, como se de repente, em vez dos pais serem a Entidade Reguladora das Crianças, elas parecessem a Entidade Reguladora dos Pais. Mas, ainda assim, acho que falta muito para nós sermos um país amigo das crianças. Há estudos que dizem que um filho pode custar, a um casal de classe média, até 75 euros por dia, tendo em consideração tudo: educação, vestuário, saúde, atividades extracurriculares... Por isso gostava que os governantes e políticos explicassem aos cidadãos como é possível um casal ter vários filhos até aos 6 anos, sendo os jardins de infância em Portugal mais caros que as universidades privadas. Nunca houve uma perspetiva séria de darmos às crianças a devida importância que elas têm. Só começaram a ser importantes quando começaram a ser vistas como conta poupança reforma, quando se fez contas ao sistema que sustenta a segurança social e se viu que, sem elas, entrava em rotura. 

E também não somos um país amigo dos pais!
Não, de todo. Preocupa-me, por exemplo, que não haja um código de direito do trabalho que preveja que as consultas de obstetrícia devam ser tendencialmente obrigatórias para todos os homens que estão a ser pais. Muitas entidades patronais funcionam ainda segundo regras muito próximas da Revolução Industrial. Ainda não perceberam o óbvio, que não é preciso trabalhar muito para se produzir mais, e não fazem aquilo que muitas multinacionais fazem, que é perguntar aos seus novos empregados se têm vida própria, vida familiar, valorizando esses aspetos, porque percebem que essas pessoas que se dividem por mais desafios são pessoas mais competentes. Ou seja, a relação com o trabalho é importante mas a relação amorosa ou com os filhos é muito mais importante e, entretanto, as transformações sociais que são feitas são contra as pessoas... 

A necessidade de brincadeira é outro dos seus cavalos de batalha...
A brincadeira das crianças é um património da Humanidade. Brincar devia ser uma atividade obrigatória para todas as crianças, todos os dias. Muitas crianças neste país têm uma agenda laboral que vai para além do razoável. Faz agora anos que eu lancei com uns amigos o Sindicato das Crianças, uma forma caricatural de chamar a atenção para a importância de lutar pela semana de 40 horas para as crianças. Há crianças que passam 55h por semana na escola, desde que abre até fechar, sem contar com atividades extracurriculares e os trabalhos de casa.  

O ranking das escolas foi publicado recentemente, qual é a sua opinião?
Sou contra, e até para tentar ser provocatório costumo dizer se querem rankings então levem isso às últimas consequências. Devia haver nas escolas, logo à entrada de preferência, o ranking dos alunos faladores, por exemplo (risos). Porque falar é um bem precioso. E já agora peguem naquelas crianças a quem morreu o pai, ou que tiveram um transplante ou passaram pelo divórcio dos pais e ponham-nas no quadro de honra, porque elas merecem. Passaram por grandes dificuldades mas no ano seguinte comeram a relva e fizeram um esforço terrível para ter um nível 3 ou nível 4.
Mas vamos lá ver, eu não tenho nada contra as crianças terem boas notas, isso é muito bom, mas também ter boas notas como filho, porque já vi muitas crianças que têm boas notas mas depois são de uma arrogância com os pais... as pessoas estão a dar importância única e exclusivamente às notas das disciplinas e esquecem-se de tudo o resto.

E estamos a pôr todos os alunos no mesmo saco, os privilegiados e os que nada têm, não será injusto?
Comparar escolas públicas com privadas é batota, comparar escolas de meninos com pedigree com escolas do interior onde não há aquecimento nas salas, em que os professores pagam o material escolar, isto é uma maneira de andarmos a mentir uns aos outros. Atualmente, se uma criança tirar uma negativa é um pecado, então errar também não é aprender? Há tantas condicionantes no dia a dia, um mau professor, a vida familiar que é de tal modo um inferno que não há cabeça para aprender as coisas na escola...

Vemos os nossos filhos como um reflexo do nosso sucesso... ou falhanço?
Mas isso é mau, eu costumo dizer que nós começamos a ser pais ali por volta do terceiro filho, o primeiro é sempre uma criança em perigo, porque se mistura a nossa história de vida, porque se mistura os pais que nós tivemos, muitas das coisas que não gostámos dos nossos pais, misturamos os nossos sonhos no sentido de construir um filho tão perfeito que às vezes são mais os nossos enredos do que a singularidade do nosso filho. No primeiro filho somos todos muito frágeis, ingénuos, e suscetíveis a fazer erros... e precisamos de os fazer para conseguirmos ser pais. Por isso é que os avós fazem um figurão, já fizeram tantas asneiras que agora brilham facilmente. Tudo fica mais fácil quando os pais erram e percebem que podem fazê-lo. Porque quando os pais erram de uma forma quase tímida e querem ser tão perfeitos para os proteger e dar-lhes o sucesso que eles próprios não tiveram, estão, sem se darem conta, a transformá-los num troféu... muito mais do que criar as condições para que as crianças tenham uma vida de acordo com os sonhos delas próprias.

E por isso há tantos pais a ‘estudar’ com os filhos, a fazer os TPC com eles?
Para já sou contra os TPC, eles já estão muito tempo na escola e não vão aprender em casa o que não aprenderam na escola. Se o TPC for ir ao supermercado aprender a fazer trocos, tudo bem, se for 20-30 minutos tudo bem, mais do que isso nunca... E sempre com autonomia, sozinhos, de outra forma estamos a dar a mensagem errada.

A crise económica não nos tornou piores pais? Discutimos mais, perdemos as estribeiras mais facilmente, andamos preocupados stressados...
Sim, claro sim, mas, eu peço desculpa pelo que vou dizer, é quase humor negro, mas acho que há um lado bom na crise, porque vai tirar megalomania onde ela antes existia, a euforia era tão grande, tudo parecia ter um preço. A crise vai criar sofrimento nas famílias, é certo, mas vai ajudar-nos a perceber se temos ou não temos família e a impor a verdade nas relações. E pode trazer a noção às crianças de que viver não é fácil, e não é no sentido trágico do termo, é aprender a resolver problemas.

Qual é o melhor presente de natal que se pode dar a uma criança?
O pai ou a mãe adivinharem os seus sonhos sem que elas precisem de escrever ao pai natal. Aqui entre nós, vale para as crianças como para os pais. As crianças escrevem ao pai natal porque é uma forma de dizer aos pais ‘orientem-se’, e os pais gostam de ver o brilhozinho nos olhos porque gostam de dar os presentes que eles gostariam de ter quando eram pequenos. Mas os crescidos não escrevem ao pai natal mas estão sempre a espera que os outros adivinhem aquilo que querem ter ou sonham.

O que ainda o surpreende?
A maneira comovente como os filhos e os pais estão à espera de se surpreenderem uns aos outros. Pais, que são crianças crescidas, e que às vezes parecem ter uma parede de vidro a impedir os seus bons gestos de pais. Isto é absolutamente comovente, por mais kms que eu tenha disto, continua a surpreender-me todos os dias.


Todas as famílias são únicas e especiais!!!






terça-feira, 5 de maio de 2015

Orientar para o sucesso: programa de competências de estudo e gestão de ansiedade em situações de avaliação

Borboletas no estômago, vontade de correr para a casa de banho, pensamentos negativos: “eu não vou conseguir, eu não vou conseguir”. Tremuras e náuseas e um teste na frente. Resultado: mesmo depois de muito estudo a ansiedade provoca-nos uma “branca”


No presente ano letivo está a ser desenvolvido no agrupamento um projeto designado “Orientar para o sucesso” com os alunos do 4.º ano de escolaridade, sob a responsabilidade do Serviço de Psicologia e Orientação. Este projeto tem como objetivo primordial ajudar os alunos a lidar com a ansiedade experienciada em situações de avaliação, numa abordagem preventiva. Baseia-se no pressuposto de que é importante os alunos assumirem a responsabilidade pessoal no seu processo de aprendizagem e compreendam que a gestão da ansiedade inicia-se muito antes da entrada na sala para realizar uma prova. Para vencer a ansiedade é importante um estudo prévio e atempado de qualidade e exigente.

Nas sessões com os alunos partiu-se de uma narrativa intitulada “O agente secreto do ano” adaptada do livro Testas 007 Ordem para estudar, da autoria de Pedro Rosário. A partir desta narrativa os alunos identificaram e refletiram sobre estratégias para lidar com a ansiedade antes, durante e depois das provas. O treino centrou-se ainda na identificação de pensamentos positivos que poderão ajudar no combate à ansiedade e melhorar o desempenho escolar.

 
 Marcadores de livros utilizados nas atividades com os alunos


Para além das sessões com os alunos, foi desenvolvida uma sessão com os pais (“Orientar para o sucesso: o papel dos pais”), dado o papel que assumem no apoio à construção de um discurso positivo na gestão da ansiedade para promover o sucesso dos seus filhos nas provas.


Este projeto pretende, assim, ser um contributo para a melhoria dos resultados escolares dos alunos, ao procurar promover estratégias de gestão de ansiedade e comportamentos autorregulados.


Os alunos com melhores notas nem sempre são os mais inteligentes mas são provavelmente os mais autodisciplinados, responsáveis, motivados, organizados, crentes em si e no seu controlo sobre os resultados escolares.



Boa sorte a todos…
e pensamentos positivos!